Saturday, September 11, 2010

Tragédia grega

Era uma bela garotinha vivendo em um mundo bastante grande. Cheia de sonhos era ela. Princesas, bruxas, príncipes. Tinha todos os ingredientes para seu conto de fadas perfeito. À medida que ia crescendo, sua inocência ia sendo comprometida pelo mundo assustador em que ela foi percebendo que vivia. Por que é que os contos de fadas não podiam se tornar reais?
Realidade. Que palavra mais enigmática. Qual é o limite para ela? O que realmente determina o que é real e o que não é? Sua mente era perturbada pela obscuridade de seus pensamentos mais profundos. A vida já não era mais um lugar seguro para sua criança interior. Sozinha estava ela. Mesmo cercada de pessoas. Quanto mais apelava para a razão, mais vazia se sentia.
Vácuo. Sem sentimentos. Sem emoções. Sem nada. Viveu a vida como em uma peça de teatro: uma tragédia grega. Um espetáculo divino, sem espectadores, exceto ela mesma e os deuses do Olimpo.
O ato final. O ambiente tenso. Silêncio. Nenhum aplauso. E as cortinas, finalmente, se fecharam.